domingo, 17 de junho de 2018

Minha História com a seleção


A minha história mais forte é de 2002. Mas antes de contar sobre a Copa em si eu tenho que falar sobre o ano anterior. Em 2001 minha mãe ficou grávida depois de muito tempo tentando. Era a terceira gravidez dela, mas a segunda foi interrompida perto dos 9 meses, depois de um erro médico. A Amanda não veio, mas a Adrielly estava a caminho.
Certo dia, eu fui numa feira de livros infantis que acontecia em São José. Nessa feira eu comprei um livro do Corcunda de Notre-Dame. Quando cheguei na escola que minha mãe dava aulas vejo que ela recebeu uma ligação e saímos correndo para a casa da minha avó. Vale lembrar que celulares não eram tão comuns em 2001.
Quando chegamos na casa da minha vó eu vi ela chorando, o que era muito estranho. Ela disse que meu pai estava no hospital, depois de ter passado mal. A suspeita inicial era de infarto e eu com 4 anos nem sabia o que era um infarto.
A rotina mudou completamente. Eu tinha acabado de mudar para a casa que moro até hoje, mas depois desse episódio passei a viver na casa da minha avó. Os hospitais não deixavam que crianças visitassem a UTI, por isso passei aproximadamente um mês sem ver meu pai. A única comunicação que eu tinha era com gibis da Disney e turma da Mônica que minha mãe dizia que eram enviados por ele. Acho que ter aprendido a ler bem cedo teve um ponto positivo.
Fiquei tanto tempo sem ver meu pai que achei que ele realmente tinha morrido e minha família estava mentindo para mim. Não sei qual foi o acordo que as mulheres (mãe, vó e tias) fizeram, mas consegui ver ele.
Foi um período bem difícil, mas passou.
Meu pai voltou para casa e ficou durante muito tempo se recuperando. Lembrando que durante todo esse caos a minha mãe estava perto de ter um bebê.
Minha irmã nasceu um tempo depois, justamente no dia 11 de setembro de 2001, dia do ataque terrorista ao World Trade Center, as famosas Torres Gêmeas. Lembro que estava na casa da minha avó e minha tia liga desesperada falando: “Mãe, liga a TV, os Estados Unidos está explodindo”.
Chegamos em 2002, eu ganho uma camisa de Ronaldo Fenômeno, com um 9 estampado nas costas. Minha irmã ganhou uma também.

Da série: Fotos que só são possíveis no tempo analógico

Meus pais decidiram que era melhor não me acordar de madrugada para ver os jogos, mas ainda assim lembro claramente de ver o jogo Brasil e Inglaterra, sem lembrar absolutamente nada do dia em si.

Aquela Copa teve Ronaldo, o cara da minha camiseta, fazendo gol em quase todo jogo, um absurdo. Meu tio, Éder, ia nos fins de semana assistir alguns jogos lá em casa, uma das memórias é de eu e ele comendo Kinder ovo em frente à TV e um jogo aleatório passando.

Chegamos na final, minha irmã estava vestida de Brasil, com pouco menos de um ano. Meu pai já estava muito melhor, mas ainda preocupava, eu com a camiseta do Ronaldo, minha mãe com uma filmadora na mão.
Corte cascão, o mais clássico das Copas.

Os dois gols do Fenômeno até hoje me arrepiam, me fazem ficar muito emocionado. Até hoje ele é o meu maior ídolo no futebol, meu esporte favorito, meu estilo de vida, a minha expressão cultural mais latente.




Após o jogo, meu pai ignorou o coração safenado e pulou com a minha irmã no colo. Minha mãe gravava aquilo e eu comemorava achando que Copa do Mundo era um torneio fácil e que o Brasil ia vencer sempre que quisesse. Ledo engano. Talvez por ser tão mal- acostumado eu tenha ficado tão triste em 2006, chorando muito com o gol de Henry e o baile de Zidane. Ficar muito bravo com Felipe Melo em 2010. O 7 a 1 nem se fala.

A época de Copa do Mundo me transforma muito, fico emocionado em todos os jogos do Brasil, mas assisto tudo, tudo mesmo. Irã e Nigéria que o digam.

Futebol é muito mais que apenas um jogo.

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