Ao
longo do mês de novembro o Colégio Costa Viana promoveu atividades para
celebrar a beleza afro e a cultura negra no Brasil
Segundo dados do IBGE o Brasil
tem 54% da população que se autodeclara negra, número bem diferente dos apenas
12,5% de comerciais veiculados na tv com negros atuando. Esse dado mostra como
ainda há uma barreira na representatividade do negro no país.
Para exaltar a beleza afro o
Colégio Costa Viana promoveu o desfile “Garoto e Garota Afro”, que colocou em
uma passarela os mais variados tipos de beleza que se encontram nos corredores
e salas de aula do colégio. Os vencedores simbólicos representam não apenas uma
beleza individual, mas todo um coletivo que se viu representado nessa
atividade.
Isabela da Cruz Lopes, eleita
Garota Afro, hoje ostenta lindos cachos, porém não foi sempre assim, ela conta
que após sofrer bullying alisou o cabelo, mas conta que foi uma experiência
traumática “eu sentia que eu estava tentando ser bonita para os outros, mas depois
deixei meu cacho crescer, foi uma libertação e agora eu nunca mais penso em
alisar meu cabelo. ”
O Garoto Afro, Carlos Eduardo
Cerino Jr. conta que quando tinha 10 anos eu não se considerava negro, mas sim
moreno “Os heróis que eu gostava eram brancos, aí eu estudei sobre a cultura
negra e encontrei Martin Luther King, Malcom X e Nelson Mandela, para mim eles
são os meus grandes heróis. ”. Carlos ainda conta que é influenciado por muitos
artistas negros “eu ouço muito soul, blues, jazz e ainda vejo muitos filmes com
o Denzel Washington, Will Smith e Marlon Wayans, além do Lázaro Ramos. ”
Isaías Vilela Evangelista,
professor do curso de logística conta que teve que vencer vários episódios de
racismo, que começaram logo quando era criança, com a professora do primário
“ela me falou que eu não ia para frente por causa da minha cor, mas depois de
muito tempo eu pude me encontrar com ela de novo, agora com a minha empresa e
dando aula, para contar que aquilo que ela disse não aconteceu. ”
O professor, Antônio Flávio
Claras, conta que só percebeu que seria tratado diferente e acredita que:
“ainda que sejamos um grupo que representa a maioria da população, ainda somos tratados
como minoria, isso serve de combustível para a luta, para buscar nossas
raízes”.
Por mais que haja uma alta
quantidade de negros em São José dos Pinhais o dia da Consciência Negra não é
considerado feriado. Isaías afirma que “os negros têm que mostrar a nossa
importância e pressioná-los a aceitar essa importância. ”.
Carlos, por sua vez, conta que
ouvia de sua vó que o Paraná era muito preconceituoso e acredita que para que
essa data seja lembrada cabe uma união dos políticos e do povo “a população
negra tem que lutar, ir para a rua e para a câmara para protestar sobre isso.
”. Flávio conta que a data ainda necessita de uma mudança “a gente é maioria e
tem que fazer movimentos minoritários, mas antes disso é importante a gente se
mexer e superar dessa submissão histórica. A gente tem que fazer valer, todos
os dias. ”
Os responsáveis pelo desfile: Vice-Diretor Caio; Professora Marilda; Professora Ana Cristina e "tia" Mara. |
Isabela acredita que se trata
de uma questão regional e afirma que se hoje não temos um feriado da
consciência negra é um reflexo desse racismo “as pessoas têm uma amnésia
histórica e esquecem que existimos, a gente se faz presente estando aqui. As
pessoas que representam São José não me representam e não ligam se faz parte da
minha cultura. Cadê a empatia das pessoas que nos representam? ”
Enquanto isso o dia 20 de
novembro continua sem projetos para virar feriado em São José dos Pinhais e a
nova bancada da Câmara dos Deputados estadual, eleita no ano de 2018 tem apenas
dois candidatos que se autodeclaram pretos.
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