quinta-feira, 2 de julho de 2015

A redução e as manobras de Cunha

Como provavelmente todos já sabem nesta madrugada de quinta-feira o projeto de emenda constitucional, PEC 171 foi aprovada pelos deputados federais. Esta PEC diz respeito à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em casos de crime hediondo.
O fato que particularmente me revoltou foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se utilizar de uma manobra, não ilícita, mas no mínimo covarde. Assim como na votação para o fim de financiamento privado para campanhas políticas o senhor deputado sofreu uma derrota, mas revisou o projeto e no dia seguinte colocou em pauta para a votação.
Na terça-feira por 5 votos a medida não foi aprovada, o número de deputados que deveria votar a favor da PEC deveria chegar a 308 membros, mas 303 votaram a favor da redução da maioridade penal.
Não sou jurista, longe disso, mas soube pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) que entre os crimes classificados com hediondos estão até alteração no xampu comercializado. Portanto, a punição que muitos querem sobre os menores infratores não diz respeito somente a crimes pesados e extremamente violentos, como estupro ou seqüestro, mas uma infinidade de pormenores que muitos, inclusive eu, não conhecem. Depois desta revisão crimes como o tráfico e roubo qualificado foram retirados da medida.
Deputados contrários a nova votação (Foto: Câmara dos Deputados)

Desde o começo eu fui contra a redução da maioridade penal, pelos motivos clássicos, partindo do princípio que a cadeia no Brasil não é lugar de reeducação, nunca foi, mas sim um local punitivo, exclusivo e reservado a esse fim.
Argumentos de que um jovem de 16 anos pode votar, mas não pode pagar pelos seus erros na minha visão é falho. Um adolescente de 16 anos não pode consumir bebida alcoólica, não pode dirigir, não pode nem se quer se casar, mas ser punido ele pode. Como funciona um lugar onde somente o ônus é aplicado às pessoas? Outra coisa: você acha que os bandidos vão parar de aliciar menores de 16 anos agora, eles vão ficar preocupados em não prender os aviõezinhos e afins?
Fatores psicológicos apontam que com apenas 2 anos de formação, dos 16 aos 18, muitas sinapses e desenvolvimento cerebral acontecem e que em um período tão curto de tempo isso pode gerar mudanças muito significativas.
Os fatores sociais no Brasil simplesmente não podem ser comparados com outros países que possuem leis parecidas. Um jovem de periferia nos EUA possui condição de vida semelhante ao jovem de classe média aqui no Brasil.
Veja se o deputado que você votou na última eleição foi favorável ou contra a PEC 171 AQUI
Talvez em um texto eu não possa passar a moção que sinto quando vejo manobras aplicadas por Eduardo Cunha, que remonta projetos até serem aprovados. A casa do povo está se tornando a casa de Eduardo Cunha, talvez ele seja apenas um reflexo do atual momento que vive a Câmara dos Deputados, conservadora e raivosa.
Agora é esperar que o segundo turno de votações na Câmara e o Senado ajam de bom senso e não aprovem esta PEC 171, número este que combina muito com vários presentes ali na casa do povo.

Só um último adendo, não chamem o Eduardo Cunha de Frank Underwood brasileiro, não sujem a imagem deste personagem que eu gosto tanto.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Análise Informal: Entre Abelhas

Por que análise informal e não Resenha?
Acho que ainda não tenho um nível profundo de análise para construir uma resenha complexa, portanto prefiro escrever somente o que eu achei de um filme. Essa pequena coluna tem a pretensão de sair todas as semanas, tentarei sempre as sextas falar sobre um filme que assisti recentemente e gostei.
Como essa é a introdução padrão vamos ao que interessa, o filmes dessa vez é Entre Abelhas , protagonizado por Fábio Porchat e dirigido por Ian SBF, ambos criadores do Porta dos Fundos.
Esse pôster vende muito mal o filme

Sei que a primeira vista um filme do Porchat não parece ser grande coisa, não é para menos, alguns erros como O Concurso e Meu Passado me Condena são mais do que motivo para afastar muitas gente do cinema. Mas também são motivo para trair muito mais pessoas ansiosas por piadas infames.
Esse filme não é nada disso, é bom pois não tem um humor imbecil, mas é ruim por não possuir um público grande.
Porchat deixa de lado sua gritaria e comédia escrachada para investir em algo mais sério

O filme conta a história de Bruno (Porchat) que acabou de se separar de Regina (Giovana Lancelotti) e para esquecer deste momento seu amigo Davi (Marcos Veras) tenta o atrair a todo instante para festas e mulheres.  Até aí o filme é uma comédia besta normal, mas com o passar do tempo Bruno para de enxergar as pessoas.A mãe de Bruno(Irene Ravache) é uma personagem que acredita muito no filho, mas pensa que ele está ficando louco e promove alguma teorias bem engraçadas sobre a origem do problema e como solucioná-lo.
Por mais que o filme possua cenas engraçadas, com o ator Luis Lobianco principalmente, o enfoque não é na graça, mas sim em dramas pessoais, fato este que espanta algumas pessoas, que por verem a cara gigante de Porchat no pôster pensam que vão se contorcer de tanto rir.
Sem a comédia pastelão na maioria dos momentos o filme segue em frente e começa a aprofundar temas como a depressão de maneira brilhante. Apesar de forçar o palavrão em muitos momentos, como todo filme nacional este drama coloca a solidão como uma doença de maneira que eu nunca vi igual em um filme brasileiro.
A abordagem que se busca na história é diferente e essa é a palavra que traz a maior virtude para um filme nacional “diferente”. Após uma curta sessão de cinema eu saí feliz com o que vi, não por causa do clima do filme, mas sim por presenciar uma obra que se distancia do enlatado Globo Filmes e possui uma carga de alegria a quem quer que o cinema nacional comece a produzir mais coisas boas.

Veja o trailer abaixo:



sábado, 23 de maio de 2015

Análise Informal: Mad Max Estrada da Fúria

Por que análise informal e não Resenha?
Acho que ainda não tenho um nível profundo de análise para construir uma resenha, portanto prefiro escrever o que eu achei de um filme. Essa pequena coluna tem a pretensão de sair todas as semanas para falar sobre um filme que eu gostei e saiu recentemente.
Nada melhor para começar essa pequena jornada flando sobre um dos melhores filmes que eu já vi esse ano: Mad Max Estrada da Fúria.
Para começar esse filme já reúne uma série de fatores que culminaram na estréia desta obra no dia 14 de abril no Brasil. Após 30 anos do lançamento do terceiro filme da franquia Mad Max o mesmo diretor retorna para contar mais um episódio na vida do guerreiro das estradas.
Mel Gibson na trilogia Mad Max

A ideia surgiu em 1999, mas devido aos ataques de 11 de setembro o filme foi engavetado pela Warner por conter muita violência, ato justificável devido a sensibilidade que os EUA viviam.
Quando o projeto foi retomado a maior chuva em muitos anos aconteceu no deserto que seria filmado o filme. Com a chuva o deserto virou um lindo jardim.
Mas George Miller é um senhor teimoso, após a chuva ele transferiu as filmagens para o deserto da Namíbia.
Mas chega disso, vamos falar sobre o filme.
What a Lovely Day

A história circula em volta da Cidadela, comandada pelo tirano Imortan Joe (Hugh Keays-Byrne), que quer se reproduzir com suas mulheres, guardadas em um cofre. Para realizar uma missão, Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), leva um carregamento de gasolina para uma cidade vizinha, mas ela se rebela, seqüestra as mulheres de Joe e muitas confusões acontecem.
Perceba uma coisa importante, o personagem que dá nome ao filme não motiva o conflito principal, Max (Tom Hardy) somente entra na missão por acaso. A sua relação com os personagens acontece somente depois de ser raptado por servos de Imortan Joe. O personagem Nux (Nicholas Hoult) apresenta uma profundidade e explica em poucas frases a sua motivação e veneração pelo líder.
A história foi muito criticada por ser simples, mas questões como religião, política e feminismo são abordadas, apresentando uma narrativa cheia de pontos para se discutir com os amigos. A partir disso que surge um ponto que eu adorei no filme, nada é muito didático, em momento algum um personagem narra o que acontece, isso é um mérito muito grande, fica da dica para Interestellar aí gente.
Todo o ambiente bizarro e maluco da trama é sensacional, uma das coisas mais awesome do filme é sua trilha sonora, que possui função narrativa brilhante de um pulso para a batalha. As guitarras e tambores são muito bem exploradas e só me fez vibrar no cinema.
Imperatriz Furiosa sendo a principal personagem do filme 

As referencias aos filmes passados são muito boas, o filme pode ser visto pelas pessoas que não assistiram a trilogia dos anos 80, mas quem viu vai notar pequenos aspectos brilhantes e que fazem você abrir um sorriso.
Mas o mais forte aspecto, junto com o visual, é a velocidade de direção que o senhorzinho George Miller possui, mesmo aos 70 anos ele conseguiu me fazer ficar pulando na poltrona do cinema, pisando fundo em pedais de carro fictícios que a minha mente criou devido a emoção que eu senti ao ver o filme.
Você sente a porrada e as batidas a todo momento, isso é algo impressionante e prova que fazer um filma na raça ainda vale a pena.  George Miller conseguiu quebrar 11 câmeras por colocá-las em lugar absurdos.

Enfim, uma obra tão boa que eu achei que ate o 3D vale a pena, arrisco a dizer qe será um clássico moderno, por enquanto eu somente quero ver esse filme mais uma vez no cinema e dizer que é uma obra nota 10/10.
Abaixo o trailer, que se você achou bom o filme é tudo isso e muito mais.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Crônica/Narrativa sobre as manifestações na Assembleia Legislativa do Paraná

Hoje pela manhã eu cheguei na minha redação do jornal diário pensando em pegar uma pauta normal.
Fiquei de fazer a matéria sobre a sessão pela votação do “pacotaço” de medidas, proposto pelo deputado estadual Luiz Cláudio Romaneli. Falei com ele pela manhã e o deputado afirmou que esses projetos eram legítimos e representariam um corte necessário no atual momento do financeiro estado.
Me locomovi até a frente da assembleia dos deputados eram 14:00. Fui barrado de entrar na sala de votação por motivos óbvios, mesmo se declarando imprensa o tempo todo. Às 14:15 chegaram deputados de oposição ao governo pedindo para entrar pela mesma porta que eu e alguns manifestantes foram contra a entrada deles. Aos sons de “Fora Rede Massa” e “Ratinho Vendido” esperei, até que em um momento ajudei um fotógrafo da Gazeta do Povo a entrar, pedi muito para um senhor deixar o simples fotógrafo passar do portão.
Dia ensolarado em Curitiba, com os professores sentados no chão

Às 14:30, horário inicial da votação, corri para ver os deputados entrando de camburão na assembleia. Corri de jatos de spray de pimenta. Conversei com um repórter da Bandeirantes que foi alvejado com o gás. Esperei um pouco para tirar uma foto,  jogaram spray novamente em muitos professores e em mim novamente. A sensação é muito estranha, não dói nada, mas incomoda tudo, espirrei e tossi até ficar tonto.
Repórter da RPC e os professores gritando
"O povo não é bobo,
abaixo a Rede Globo".

Os repórteres da RPC (Rede Globo no Paraná) foram insultados, mas os da Rede Massa foram impedido de gravar qualquer coisa. Os repórteres do 190 sabiam menos que eu.
Aproximadamente às 15:00 fechou o tempo, no sentido meteorológico, com uma chuva inacreditável e no sentido figurado em relação a pancadaria. Escutei uns 7 estrondos de bomba, vi os professores derrubando os portões e se movendo igual formigas enquanto mais barulhos de bomba eram audíveis.  Por ser bundão eu corri para o lado contrário, mas voltei lá depois que anunciaram o novo cancelamento da votação.
Ocupação da assembléia

Os manifestantes entraram no pátio e avançaram até o fim, alguns levaram tiros de bala de borracha, do batalhão de choque, ao entrar. Com os avanços dos educadores e agentes penitenciários a polícia deixou que o povo entrasse mais e mais.
Faltando 10 minutos para as quatro, o primeiro deputado a descer para falar com os manifestantes, o deputado Rasca Rodrigues (PV), que declarou firmemente fim do projeto  e abraçou muitos professores agradecidos. Eu estava lá na frente do deputado, enquanto a Band estava longe.  
Gravei o primeiro pronunciamento da oposição com o deputado Tadeu Veneri (PT). A RPC entrou na minha frente nessa hora, mas eu dei um jeito do cara sair da frente. O PMDB parecia dois partidos, com representantes lá dentro, escondidos, e representantes lá fora, sendo erguidos pelo povo, literalmente.
Minha porca foto com o dedo do sindicalista em cima


Ás 16:00 um documento chegou da casa-civil paranaense afirmando: “O Secretário-Chefe da casa civíl vem pedir a retirada dos projetos PL 06/2015 e PLO 60/2015 para reexame, e em virtude das manifestações ocorridas”. Eu tirei uma foto do documento as 16:05 em ponto, a Band News publicou essa foto só as 16:19. Se não fosse meu 3G eu tinha dado um furo muito distantes dos padrões de um jornal universitário.
Entrei na frente da repórter da Band e se vocês virem um celular preto na transmissão é o meu.

A chamada pelos sindicalistas "Festa pós-cancelamento"

Na saída da assembleia me deparei com Bernardo Pilotto, ex-candidato ao governo e um cara  de camiseta larga e jeans  que achou que eu era professor. Fiz uma pequena entrevista e ele disse o que eu queria.
Os sindicalistas ficaram revoltados com o termo “reexaminar”, porque obviamente queriam o fim imediato dos projetos. Os deputados de oposição subiram no caminhão de som e disseram o que o povo quis ouvir.  Os professores também reclamavam da falta de assinatura de Beto Richa.
Ao som de “Volta Requião”, vejam só, eu saí do local acompanhando as notícias seguintes até agora.

Que aventura meus caros

sábado, 31 de janeiro de 2015

2014 no cinema

2014 foi um ano positivo para o cinema, com vários filmes bons lançados no Brasil. Candidatos a Clássicos modernos surgiram, como “Ela”, “12 anos de escravidão” e “Boyhood”.
Apesar de ser um bom ano, sempre existem decepções, como “Interestelar” de Christopher Nolan, “Jogos Vorazes- A Esperança Parte 1”, “Trapaça”, que são bons filmes, mas ficaram muito abaixo da expectativa. Godzilla nem merece ser citado como um filme bom que decepcionou, porque somente decepcionou.
Nas adaptações de quadrinhos tivemos um dos melhores anos dos últimos tempos, com o excelente “Capitão América 2- O Soldado Invernal”; o bom “X-men Dias de um futuro esquecido” e a grande surpresa do ano, um dos filmes mais divertidos que eu tive o prazer de ver na tela grande, o fenômeno “Guardiões da Galáxia”. As decepções desse novo gênero ficaram com “O espetacular Homem Aranha- A ameaça de Electro” com um roteiro idiota e “Sin City 2- A dama fatal”, que foi bem fraco.
Mas como sempre os filmes do Oscar são jogados para o outro ano e não podemos ver grandes obras junto com os gringos.
Meu top 11 (vocês vão entender) de 2014 ficou assim:

1)      "12 Anos de Escravidão"- um filme forte, tocante e importante para o cinema, capaz de chocar as pessoas e fazer refletir sobre esse tempo terrível que foi a escravidão

2)     "O Lobo de Wall Street"- Martin Scorcese não erra e nesse filme ele quase peca por excesso, mas apresenta 3 horas fantásticas de um filme absurdo.

3)      "Boyhood"- O diretor Richard Linklater consegue transformar o comum em mágico nessa obra que desenha e molda o amadurecimento da vida de alguém. Eu particularmente me identifiquei com esse filme por ter a mesma idade do protagonista e viver todas essas fases da mesma maneira.

4)      "Garota Exemplar"- David Fincher presenteia essa adaptação de um grande livro, fazendo você amar ou odiar a atriz Rosamund Pike, que está incrível no filme.

5)      “Ela”- um filme futurista que eu realmente acredito ser possível daqui a pouco tempo , Joaquin Phoenix está muito bem e Scarlett Johanson está maravilhosa como sempre.

6)      “Guardiões da Galáxia”- Meu Deus que filme divertido, musicas que embalam meu celular até agora e personagens que eu vou amar para sempre. Você não entendo o quanto eu amo esse filme. Talvez seja meu favorito da Marvel.

7)      “Amantes Eternos”- Nenhum filme é tão cool quanto esse aqui. Meu favorito de Jim Jarmusch e uma aula de cinematografia.

8)       “O Grande Hotel Budapeste”- Wes Anderson e sua direção de arte fazem portifólios maravilhosos. Livros de direção de arte do Wes Anderson são o sonho de consumo deste que vos fala.

9)      “Clube de Compras Dallas” Matthew Machogney e Jared Leto estão impressionantes, viscerais e mereceram todos os prêmios do mundo sim. Chupa DiCaprio.

10)    “Planeta dos Macacos- O Confronto”- Um exemplo de continuação, apresenta a civilização dos primatas e cria um conflito que será explorado em outros filmes.

11)   “O Hobbit- A Batalha do Cinco Exércitos”- Mesmo sendo inferior a filmes que nem foram citados nesse top eu coloco ele aqui por me emocionar, por ser o filme que carregou todo o sentimento que eu tenho pela obra de Tolkien. Meus olhos ficaram suados, não por esse filme em si, mas sim por tudo que ele representa

Menções Honrosas: “O Abutre”; “Mesmo se nada der certo”; “Uma aventura Lego”; “Como treinar o seu dragão 2”; “The Babadook”.

Tomara que 2015 venha melhor, sempre