quarta-feira, 8 de maio de 2019

Pokémon Detetive Pikachu: nostalgia caça-níquel

Com roteiro pouco inspirado, primeira adaptação em live action dos Pokémons não passa de um filme bobo e inútil



As crianças que nasceram e cresceram nos anos 90 tiveram a cultura Pokémon sempre esteve presente no imaginário coletivo. Seja por brinquedos, desenhos e videogames, porém o recente sucesso do game mobile "Pokémon Go" ativou a nostalgia de milhões e acendeu a paixão de outros milhões espalhados pelo mundo. Sabendo do potencial econômico da propriedade intelectual que possuía nas mãos a Warner Bros decidiu enfim levar aos cinemas a franquia em live action. Por mais que o frenesi causado pelo jogo já tenha passado, a marca ainda é muito forte e rentável no mundo todo, com várias gerações. Um fato curioso é que 90% das cópias lançadas no Brasil são dubladas, algo que surpreende pelo grande número de fãs da franquia serem jovens adultos atualmente.

O filme conta a história de Tim Goodman (Justice Smith de “Jurassic World Reina Ameaçado), um garoto pacato que prefere não ter pokémons por um trauma do passado. Tim é chamado para ir até Ryne City por conta da morte de seu pai, nisso encontra Pikachu (Ryan Reynolds de “Deadpool” na versão original).

O filme encontra problemas logo de cara, o primeiro pelo protagonista, desinteressante e sem personalidade nenhuma. Em dado momento ele conhece Lucy (Katheryn Newton da série “Big Little Lies”), uma estagiária em jornalismo que sozinha é mais inteligente que todo o expediente de polícia da cidade. O humor do filme é bobo e terrivelmente sem graça, não fazendo ninguém rir em uma sala cheia, com o desconto para uma pequena gag do Pikachu recebendo carinho.

Os fãs do universo podem se decepcionar pela falta de espaço dos seus pokémons favoritos, bem como os que teriam um potencial cômico alto são apenas ignorados ou pior, se tornam insuportáveis.

Cheio de conveniências o roteiro é previsível é de fazer revirar de olhos durante quase toda a projeção. Além disso os protagonistas não encontram nenhuma dificuldade em organizar seus planos, pois escritórios de milionários e bases ultra secretas são incrivelmente fáceis de se entrar. Em uma cena chega a ser engraçado involuntariamente, onde Pikachu e Tim se encontram em uma sala e acessam o computador para ver os arquivos de filmagem, onde todos estão corrompidos, a não ser por um, justamente o que eles precisavam para explicar a trama.

O diretor Rob Letterman (do divertido Monstros vs. Aliens) trata mal o espectador em vários momentos, explicando o que literalmente está acontecendo no mesmo instante ou até usando flashback de minutos atrás para mostrar que a única ponte mostrada no filme é a mesma do começo e do final. Se alguém está triste, mostre que esse personagem está triste, não coloque na boca dele a frase “estou triste”.

Tirando algumas cenas de batalha que são divertidas e uma reviravolta específica no final o filme é cansativo e bobo, falhando em introduzir uma franquia tão potencialmente rica nos cinemas.Para um filme que se vende pela nostalgia ele não entrega nenhuma recompensa aos fãs que vão encher as salas. Exemplos recentes como “Power Rangers” e “Jumanji”, que estão longe de serem filmaços, mas resgatam uma boa dose do que poderia ser perfeitamente aplicado aqui. Em uma obra que basicamente se propõe a ser uma dose gigantesca de nostalgia o filme falha e em ser um bom blockbuster falha também.

Não que filmes precisem ser justificáveis na hora de serem feitos, mas Pokémon Detetive Pikachu é apenas inócuo.

Nota: 4/10