terça-feira, 20 de novembro de 2018

O Dia da Consciência Negra no Colégio Estadual Costa Viana


Ao longo do mês de novembro o Colégio Costa Viana promoveu atividades para celebrar a beleza afro e a cultura negra no Brasil

Segundo dados do IBGE o Brasil tem 54% da população que se autodeclara negra, número bem diferente dos apenas 12,5% de comerciais veiculados na tv com negros atuando. Esse dado mostra como ainda há uma barreira na representatividade do negro no país.
Para exaltar a beleza afro o Colégio Costa Viana promoveu o desfile “Garoto e Garota Afro”, que colocou em uma passarela os mais variados tipos de beleza que se encontram nos corredores e salas de aula do colégio. Os vencedores simbólicos representam não apenas uma beleza individual, mas todo um coletivo que se viu representado nessa atividade.
Os vencedores do concurso Garoto e Garota Afro Costa Viana

Isabela da Cruz Lopes, eleita Garota Afro, hoje ostenta lindos cachos, porém não foi sempre assim, ela conta que após sofrer bullying alisou o cabelo, mas conta que foi uma experiência traumática “eu sentia que eu estava tentando ser bonita para os outros, mas depois deixei meu cacho crescer, foi uma libertação e agora eu nunca mais penso em alisar meu cabelo. ”
O Garoto Afro, Carlos Eduardo Cerino Jr. conta que quando tinha 10 anos eu não se considerava negro, mas sim moreno “Os heróis que eu gostava eram brancos, aí eu estudei sobre a cultura negra e encontrei Martin Luther King, Malcom X e Nelson Mandela, para mim eles são os meus grandes heróis. ”. Carlos ainda conta que é influenciado por muitos artistas negros “eu ouço muito soul, blues, jazz e ainda vejo muitos filmes com o Denzel Washington, Will Smith e Marlon Wayans, além do Lázaro Ramos. ”

Isaías Vilela Evangelista, professor do curso de logística conta que teve que vencer vários episódios de racismo, que começaram logo quando era criança, com a professora do primário “ela me falou que eu não ia para frente por causa da minha cor, mas depois de muito tempo eu pude me encontrar com ela de novo, agora com a minha empresa e dando aula, para contar que aquilo que ela disse não aconteceu. ”
O professor, Antônio Flávio Claras, conta que só percebeu que seria tratado diferente e acredita que: “ainda que sejamos um grupo que representa a maioria da população, ainda somos tratados como minoria, isso serve de combustível para a luta, para buscar nossas raízes”.
Por mais que haja uma alta quantidade de negros em São José dos Pinhais o dia da Consciência Negra não é considerado feriado. Isaías afirma que “os negros têm que mostrar a nossa importância e pressioná-los a aceitar essa importância. ”.
Carlos, por sua vez, conta que ouvia de sua vó que o Paraná era muito preconceituoso e acredita que para que essa data seja lembrada cabe uma união dos políticos e do povo “a população negra tem que lutar, ir para a rua e para a câmara para protestar sobre isso. ”. Flávio conta que a data ainda necessita de uma mudança “a gente é maioria e tem que fazer movimentos minoritários, mas antes disso é importante a gente se mexer e superar dessa submissão histórica. A gente tem que fazer valer, todos os dias. ”
Os responsáveis pelo desfile: Vice-Diretor Caio; Professora Marilda; Professora Ana Cristina e "tia" Mara.

Isabela acredita que se trata de uma questão regional e afirma que se hoje não temos um feriado da consciência negra é um reflexo desse racismo “as pessoas têm uma amnésia histórica e esquecem que existimos, a gente se faz presente estando aqui. As pessoas que representam São José não me representam e não ligam se faz parte da minha cultura. Cadê a empatia das pessoas que nos representam? ”
Enquanto isso o dia 20 de novembro continua sem projetos para virar feriado em São José dos Pinhais e a nova bancada da Câmara dos Deputados estadual, eleita no ano de 2018 tem apenas dois candidatos que se autodeclaram pretos.


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